Prédio com cara de proibido será sede olímpica dos chineses paulistas
Logo de cara, a fachada da Associação Cultural Chinesa do Brasil em São Paulo impõe uma sensação de censura, comum no país asiático. As fortes grades de aço e a conversa em tom de desconfiança por interfone, com uma pessoa que mal fala o português, só reforçam a impressão de que ali existe algo proibido. Mas todo esse clima acaba quando Liu Wei Ye, uma simpática senhora de 53 anos, aparece com um molho de chaves na mão para abrir o superprotetor portão. Ela pede alguns minutos e inicia um papo por telefone em mandarim. A princípio até parece uma discussão, mas após alguns sorrisos é possível perceber o tom amistoso. Assim que desliga e entende que a pauta é sobre os Jogos Olímpicos de Pequim, Liu Wei Ye faz questão de mostrar todos os detalhes da Associação Cultural Chinesa e também falar do cronograma do local durante a competição. O prédio de dois andares na Rua Tamandaré, 156, na Liberdade, promete ferver neste mês de agosto.
CONFIRA GALERIA DE FOTOS DA ASSOCIAÇÃO CULTURAL CHINESA - As pessoas que não têm os canais em casa para acompanhar a competição virão aqui para a Associação. Temos uma televisão aqui com 12 canais chineses e funcionamos 24 horas. É comum o pessoal da comunidade chinesa em São Paulo vir aqui para se divertir – conta a secretária Liu, no Brasil há seis anos.
Leandro Canônico/GLOBOESPORTE.COM
Liu Wei Ye está no Brasil há seis anos
A chinesa de Tianjin, a 30 minutos de trem de Pequim, porém, pretende acompanhar a abertura das Olimpíadas no evento “Casa de Beijing”, que será realizado de 8 a 24 de agosto (mesmo período dos Jogos) no Memorial da América Latina. No local acontecerão muitas coisas relacionadas à cultura da China. Com sede em São Paulo desde 1981, a Associação Cultural Chinesa do Brasil é como um porto seguro para os imigrantes que vivem na capital paulista. No local, as pessoas costumam se reunir para ler livros, ver televisão, comer pratos típicos, jogar tênis de mesa, cantar em um karaokê e estudar mandarim. Existe também um curso, realizado uma vez por mês, para o chinês que quer aperfeiçoar o português. É gratuito, à exceção do material didático. Também à disposição dos imigrantes estão aulas de kung-fu, tai chi chuan, massagens e até mesmo serviço de advogados. Nada disso é cobrado. Segundo Liu Wei Ye, o prédio onde está instalada a Associação Cultural Chinesa é da Prefeitura de São Paulo. Atualmente, eles se mantêm com o auxílio dos mensalistas. A secretária não sabe precisar o número de contribuintes, mas a ajuda gira em torno de R$ 2 mil. De acordo com o consulado, há na capital cerca de 150 mil chineses.
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